Daniele Moreira Alves

Intensa. Indomável. Indelével. Ah, e Dani para os íntimos!

domingo, 26 de julho de 2009

Wagner Moura, eis a questão!

Há tempos já queria escrever sobre mas, aguardei pacientemente assitir a peça ontem e colocar minha impressão sobre o que vi ao invés de falar antes e apenas sobre a idéia do que achei que seria, se bem que elas estão em total alinhamento, felizmente...

Também, não poderia ser diferente: É o melhor de Shakespeare, texto magnífico, com Wagner Moura como ator principal, além do elenco excelente, do cenário funcional, da trilha sonora e da iluminação muito boas.

Só de ver Wagner já valeria a pena, ouvir a sua voz já valeria a pena, e assisti-lo interpretando um clássico de Shakespeare, então, nooooossa! E sendo Hamlet, e em Salvador, covardia em Wagner!!!

Mas a expectativa mesmo era quanto à versão inovadora e moderna da peça, que teve participação direta do ator desde a tradução (livre, mas totalmente coerente) até a montagem (li tudo sobre a sua antiga vontade de fazer, a idéia, a construção, tudo!) e que ainda assina a produção.

A euforia começou desde o dia em que soubemos que o encerramento da turnê seria aqui. No dia seguinte saí direto do trabalho para comprar os ingressos e... tcharam: Bilheteria fechada! Ahhh, mas eu não sairia de lá sem os 05 ingressos de jeito nenhum. Eu me deslocaria, quilômetros-sem-fim-mais-congestionamento-mais-quilômetros-sem-fim, para sair de mãos abanando? Só se não fosse eu! Então, fiz aquela carinha do Gato de Botas do filme de Shrek, rs..., e açucarei muito a minha voz para contar minha saga e convencer a mulher (que já estava contando o dinheiro do caixa). E tcharaaaaaaaaaaaaaaam: Ela apiedou-se! Nem eu e nem mainha acreditamos, ahahah...

Ingressos garantidos, só precisaríamos de muitos pares de óculos, lentes de contato e binóculos, todos sobrepostos em nossos olhos, porque só tinha lugar na fila Z10, que é nada menos que a penúltima fileira, eheheh... E olha que fui comprar com um mês de antecedência. Enfim, nós iríamos!

Das quatro amigas que foram comigo, as quatro são apaixonadas por ele. E eu que já o admirava muito, sai de lá apaixonada também, rs... Fomos todas juntas, em um único carro (lotação completa, linda e cheirosa) rumo ao Teatro Castro Alves. Imagina, 5 mulheres falando, falando, cantando, rindo, falando, falando (Ai, adoro! Minhas amigas são divertidas, versáteis e inteligentes), falando e falando, rs..., foi quando, dentre os planos, surgiu a pérola: "-Quando ele disser 'Ser ou não ser, eis a questão!', eu vou gritar: 'Você é, Wagner, você é!!!' Ahahah....

Excelente ator e prata da casa (baiano como merece ser), ele nos encantou, hipnotizou, e estendo isso a toda a platéia que o ovacionou, merecidamente, ao final do espetáculo.

Sobre o que vi: Um Hamlet que, apesar de verdadeiramente atormentado, era acessível e com um humor sarcástico (quem diria, rimos na tragédia shakesperiana). Inquieto e espirituoso este príncipe dinamarquês, eu diria que até mais humano e mais real do que quando o li.

O texto traduzido pelo diretor Aderbal Freire Filho, com colaboração do ator, era direto, sem rebuscamento, mas longe do coloquialismo, fazendo com que a poesia permanecesse e se instaurasse sem o franzir das sobrancelhas do público.

No palco, quase vazio, estavam os outros dez fantásticos atores que assistiam e participavam, ao mesmo tempo, alternando-se entre as laterais e o centro. Peças de cenário eram pouquíssimas e igualmente móveis. Havia ainda um ator-câmera-man que filmava focando sempre a parte mais densa da cena e lançava as imagens em tempo real para um telão ao fundo. Novidade também no figurino, as roupas, que podemos comprar em boas lojas de grife (exceto a armadura, of course, rs...), eram trocadas ali mesmo no palco.

A peça é extensa, mas não tem nada de cansativo. Foram quase 4 horas de duração (incluindo um intervalo de 15 minutos) e terminamos igualmente motivadas como no início.

A direção arrojada também merece muitos elogios.

A tragédia de William Shakespeare, escrita no século XVII, Dinamarca entre 1599 a 1601, conta a história do príncipe Hamlet tentando vingar a morte do seu pai ao perseguir e executar seu tio Cláudio, o usurpador, que além de assassinar o rei Hamlet, roubou-lhe o trono e a rainha. Temas como moralidade, traição, incesto, vingança, corrupção, sofrimento, raiva, amor e indignação são os motes da peça, explorando a dualidade da loucura do príncipe e a teia de sentimentos dos que estão a sua volta.

Resumindo:
Como era de se esperar, o rapazinho arrasou! A voz grave habitual deu lugar a outros timbres que faziam com que mergulhássemos ainda mais em sua rica interpretação. Os outros atores, todos eles, merecem elogiosos parabéns, mas irei me ater a WM que com todo seu talento representará o elenco.

O espetáculo indubitavelmente ganhou uma montagem ousada e que deu conta do recado.

Ah, esqueci de comentar: O único binóculo do grupo virou um monóculo ainda no carro, rsrsrs... , o que não foi uma perda total porque com ele quebrado duas pessoas se beneficiaram ao mesmo tempo, ahahah..., e apesar de estarmos lááá na penúltima fila do TCA, que é bem grande, conseguimos ver e ouvir perfeitamente graças a disposição das fileiras e sua excelente acústica. E falando em ouvir, me deu uma vontade de sair esganando aqueles malditos expectadores que não paravam de tossir, e eram muitos, parecia uma sinfonia, rsrs...

Após quase 240 minutos, estávamos com muita fome e fomos dar continuidade à nossa saída pela Bahia Marina (fantástica) adentro. Wagner e minhas amigas lindas (Lu, Lili, Fafau e Fabí), adorei a nossa noite, foi dez!!!

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