Daniele Moreira Alves

Intensa. Indomável. Indelével. Ah, e Dani para os íntimos!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

CRÔNICA - A mulher frigideira




Estava eu na tranqüilidade do meu lar quando recebo uma ligação desesperada:
“EU SOU UMA FRIGIDEIRA!!!”
Minha amiga gritava, berrava, mas antes de tentar acalmá-la, tentei entender o quê e sobre o quê ela estava falando...
Até que entre as frases proferidas relatando a metáfora mais fantástica sobre mulheres que já ouvi em toda minha vida, compreendi como alguns sentimentos podem atormentar uma pessoa e a sua alma.
Somos um grupo de cinco amigas muito próximas e entre as mil e uma possibilidades que a vida e o amor nos oferece, cada uma trilhou o seu caminho. Ao telefone minha amiga narrou a história, ilustrando-a detalhadamente:
“Amiga, você está aí numa boa, plena, vivendo feliz a sua vida. Ana está sempre namorando, sempre tem alguém aos seus pés que ela vive escolhendo, esnobando e dispensando. Maria mudou completamente, tá grávida, cuidando da vida nova, da casa e amando tudo ao lado do seu maridinho. Até então tudo igual, sem novidades. Mas agora preste bem atenção: Bianca chegou aqui em casa com uma aliança gigante, ficou noiva e, definitivamente, terá Paulinho como o seu par romântico para sempre. Eu fiquei feliz por ela mas, não vou mentir, fiquei tão triste por mim. Cheguei à conclusão de que só eu estou sempre sozinha...”
Depois de ouvir, e inevitavelmente concordar, me manifestei: “Calma, amiga, tudo vem no tempo certo, não tenha pressa, não fique afoita, não se precipite. Você merece encontrar alguém bacana, e isso certamente vai acontecer. Eu tenho a certeza de que você ainda será muito amada. Mas continuo defendendo que pode e deve compartilhar, porém não deve depositar sua felicidade nas mãos de ninguém e nem depender de outra pessoa para ser feliz.”
Ela rebateu com fúria: “Não tem jeito, amiga, eu vivo batendo a cabeça, coloco Stº Antônio de castigo, faço promessa, freqüento cartomante, astrólogo, macumbeira. Vou pra night, saio por aí , me produzo, jogo charme, invisto em mim, invisto nos casos e nada! Não tenho sorte no amor, vou ficar pra titia. Nasci pra viver só e infeliz!”
E eu tentei buscar palavras e fatos que confrontassem aquela verdade, mas não encontrei. Ao que complementei: “Ah, mas antes só do que mal acompanhada!” E tentei mudar de assunto, mas estava intrigada com a tal frigideira ainda não esclarecida.
Não agüentei e perguntei. Ela bradou:
“Amiga, veja bem, toda panela tem sua tampa. Pode ser nova e vistosa, pode ser velha e acostumada, pode ser linda, pode ser amassada, queimada, acabada, mas tem! E a frigideira? Ah, a frigideira é simplesmente uma panelinha sem tampa; e que quando consegue uma é tampa emprestada de outra panela e logo vai ter que devolver.”
Eu dei uma super gargalhada. Não insensível ao fato, mas admirada com essa incrível associação, adorei! Ela se irritou, mas depois que eu lhe lembrei que tem coisas que só ficam boas se feitas numa frigideira, ela relaxou e riu também.



Aiai...

2 comentários:

  1. Ficou ótima, Dani. A história da tampa emprestada é hilária! Dan.

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  2. ai ai amei! Me identifiquei com a amiga... Quem será a tampa da minha panela??? Rsrsrs beijos

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