Daniele Moreira Alves

Intensa. Indomável. Indelével. Ah, e Dani para os íntimos!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Na galeria

Acabo de receber um convite para assistir a peça de formatura de um amigo que resolveu iniciar-se nesta arte; já que todo bom baiano não nasce, estréia, rsrsrs..., e como o rapaz é talentoso, certamente irei prestigiá-lo, além do mais adoro ele e adoro teatro!

Falando nisso, coisa boa tem que ser divulgada!
Sinto-me na obrigação de falar, e falar muito bem, das boas peças que são merecedoras de teatro cheio. Quando são baianas, então, mais do que satisfação me dá orgulho da qualidade da montagem, da produção e principalmente da interpretação bem feitas.
Não lembro de uma só vez que tenha ido ao teatro e que não tenha gostado da peça e as que citarei a seguir destacam-se com louvor. Faz tempo que as assisti, mas elogio nunca é tardio.

- A Bofetada: Um clássico!
Sucesso há mais de 20 anos, considerada como um marco da recente história do teatro baiano, sempre que está em cartaz por todo o Brasil tem lotações esgotadas com antecedência e sessões extras para atender à demanda de público. Foi a montagem responsável pela profissionalização da fantástica Cia Baiana de Patifaria (criada por Lelo Filho e Moacir Moreno, participações ao longo de tantos anos de Fernando Marinho, Diogo Lopes Filho, Frank Menezes, Ricardo Castro, Igor Epifânio, Ricardo Fagundes, Jarbas Oliver, Nilson Rocha, Bubba de Campos);

- Noviças Rebeldes: Técnica e produção, a fórmula do sucesso!
Mais um sucesso sensacional da Cia Baiana de Patifaria, a comédia musical levou o seu nome além das fronteiras locais e nacionais. Produção à altura de um musical da Broadway;

- Vixe Maria, Deus e o Diabo na Bahia: Espetáculo!
Imaginem a disputa entre Deus (Jackyson Costa) e o Diabo (Frank Menezes) porque este quer fundar, cheio de artimanhas, a sua "igreja" na Bahia... Uma história engraçada e muito bem bolada que conta com bom-humor os hábitos, a religiosidade anárquica, o temperamento alegre, a vida sócio-cultural e o comportamento singular dos baianos. É uma dramaturgia reflexiva, pois escancara a nossa realidade ao mesmo tempo festiva e cheia de problemas, nos convidando a pensar rindo e a rir pensando;

- Novíssimo Recital da Poesia Baiana: Veneno destilado!
Los Catedrásticos, mais um grupo de excelentes atores baianos dentre eles o cômico Zéu Britto, recitavam, de forma cômica, as "poesias" baianas cantadas pelo axé music, cujas letras a população ignora pois deixa-se levar apenas pelo ritmo; pura sátira! Uma crítica bem elaborada e muito polêmica;

- R$ 1,99: Show!
Assuntos do cotidiano como amor, sexo, amizade, política, justiça, família, dinheiro e poder, atualizados com as últimas notícias nacionais e internacionais e tratados com bom humor, critica, poesia e muito talento. Saí do teatro apaixonada por Ricardo Castro que além de ser o ator é diretor, iluminador, figurinista, sonoplasta, contra-regra e autor do monólogo sensacional. E quando eu assisti há 11 anos, o valor do ingresso custava R$ 1,99 e com direito ao troco de R$ 0,01 distribuído pelo próprio show man na ante-sala antes do início do seu espetáculo (mais uma forma de protesto durante os três primeiros anos de exibição da montagem _ além de chamar atenção para o valor atribuído à arte, ele atraiu a crítica e numerosa platéia, arrebatando-os, e deu oportunidade aos menos abastados de irem ao teatro assistir a uma peça de excelente qualidade);

- Oficina Condensada: E o desafio de ser mulher!
Rita Assemany nos prestigiou há 18 anos atrás (eu só assisti a atual remontagem) com a ótima e engraçada narrativa da história das mulheres ao longo dos séculos. Um festival feminista para homem nenhum botar defeito;

- Os Cafajestes: As delícias da grandeza e das fraquezas do macho predador!
Fruto da mesma equipe (leia-se a dobradinha escritora e diretor) da peça acima, a história surgiu também na década de 90 como a versão masculina em resposta ao universo feminino. Um quarteto de atores-cantores encantam gerações de platéias com os estereótipos do machismo 'o marido traído', 'o bom moço sedutor', 'o barra pesada e machista radical' e 'o malandro bom de papo' já encarnados por George Vassilatos, Osvaldo Mil, Fábio Lago, Daniel Boaventura, Renato Fechine, Marcelo Timbó, Rafael Medrado e Daniel Rabelo;

- O Indignado: Uma ácida e deliciosa tribuna contemporânea!
Contradições da política nacional e internacional; a velocidade do mundo moderno e a ansiedade de acompanhar os avanços tecnológicos; falta de consciência ecológica; insegurança, medo e violência nas cidades grandes; falta de educação e cordialidade nas relações sociais; busca obsessiva por juventude e valorização exacerbada da aparência; culto às celebridades instantâneas e busca desenfreada pela fama; os modelos atuais de relacionamento, paquera e sexo; o comportamento cara-de-pau, a dissimulação, a falta de vergonha e de educação de algumas rodas sociais, políticas e econômicas te indignam? A Frank Menezes sim! E ele discorre, critica e urra com uma propriedade absoluta e um talento incontestável.

Em todas as peças mencionadas o humor é o fio condutor e eu não só ri, eu ri muito, eu gargalhei e gargalhei muito, com gosto e com vontade! E digo: Quando tiverem a oportunidade de assistir a remontagem ou a exibição de qualquer uma delas, não deixem de ir, valem muito à pena!

Levantem aí das suas cadeiras, não é fácil atuar e é ainda mais difícil fazer teatro; o momento é aquele, o ator ao vivo diante do público, da crítica e da resposta imediata e ao vivo, vamos aplaudir de pé!!!



* Ô, gente talentosa: Figuras que não atuam, porém são igualmente responsáveis pelo sucesso de muitos sucessos baianos, alguns aqui citados, são a escritora e historiadora Aninha Franco e o diretor Fernando Guerreiro, registre-se!

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