Daniele Moreira Alves

Intensa. Indomável. Indelével. Ah, e Dani para os íntimos!

domingo, 24 de outubro de 2010

CRÔNICA - Tarde demais?

Descobri que sou completamente apaixonada por ele.

Me encontrei no banheiro, trancada, sozinha e chorando.
Perguntei-me o que estava acontecendo. Eu estava sofrendo.
Triste, arrasada, desprezada e desesperada.
Fui trocada por outra. Perdi.

Meu cavalheiro querido, o meu rapaz disponível e solícito, agora dedica-se por completo, derretendo-se e derramando-se em atenções e gentilezas por uma doce e meiga garota (sim, ela é doce e meiga) que acabou de surgir em nossas vidas.

Ai, que dor!
Não tenho com quem desabafar neste momento tão infeliz, além de mim mesma, minha melhor amiga, eu. Em local de trabalho não se pode confiar tanto em alguém ao ponto de se fazer confissões tão íntimas, afinal a qualquer momento tudo o que foi dito pode se voltar contra você; chantagem é a lei laboral e estar nas mãos de um colega é a pior coisa que tem.
Ai, que dor!

Hoje o dia passou se arrastando e me martirizando. A cada segundo surgia uma nova cena para completar o quebra-cabeça e me atormentar. Agora a certeza veio como um dolorido golpe: Ele está apaixonado por ela como nunca esteve por mim.

Já havia percebido as trocas de insinuações e excessivas cortesias, e refiro-me a ambos, mas hoje foi o ápice, o cume, o auge. A situação está instaurada e sem disfarce, sem rodeios. Ele está babando, ela está incitando, e eu tenho acompanhado cada passo que acontece diante de meus olhos ávidos e pasmos.

Irei desprezá-lo. Ignora-lo-ei. Acho que assim me farei notar...
Vou imitá-la. Tornar-me-ei, naturalmente, meiga e doce. Acho que assim me farei notar...
Explodirei. Revelarei toda minha frustração e todo meu amor. Acho que assim me farei notar...

Sim, estou perturbada. Completamente perturbada.

Ele nem percebe a razão da minha repentina irritação, da minha grosseria gratuita e sem motivo aparente, acha graça e contorna com classe, diz que estou estressada, atribui à minha TPM.
Que ele não se atreva a me pedir conselhos, que não se ouse a querer desabafar.
Estou corroída de ciúme! E ciúme daquele que dói!

Não se trata de um amor platônico, houve um tempo em que ele o correspondeu. Nunca se efetivou, nada aconteceu. Mas eu tinha a certeza de que ele me queria tanto quanto eu o desejava, achei que ele me amava. Em algum momento tudo se perdeu...

Por que não me escolheu para ser sua namorada enquanto era solteiro? Por que deixou que a minha covardia espantasse o seu desejo? Por que casou-se com outra e não se separou por mim? Por que não levou a sério tudo o que lhe prometi? Por que nunca me fez mais do que sua melhor amiga? Por que então cultivou minha expectativa? Por que deixou que eu me casasse? Por que não impediu que eu me separasse? Por quê? Por quê? Por quê?

Não suportarei acompanhá-lo em mais um processo de encantamento, namoro e, quiçá, novo casamento.
Não suportarei continuar me comportando como se nada estivesse acontecendo.
Meu Deus, que tormento!

Qual a tática de guerra da mulher fatal?
Qual é a técnica infalível da moça ideal?
Como me tornar a garota 'pra casar'?

Onde encontro um matador que dê um fim nessa ameaçadora encantadora?

Preciso descobrir como voltar a ser interessante aos seus olhos tão dispersos dos meus e de mim... Tarde demais?

Um comentário:

  1. Nossa Senhora! que post forte e intrigante! na minnha análise.... é tarde demais. :(
    As cronicas são as melhores!!

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