Leitura

Sentadas na cozinha, lindos olhos negros fixados nos meus, sua fala mansa e firme discorrendo com propriedade sobre algo que conheço mais que ninguém e que guardo com toda reserva... Ainda não me acostumei (apesar de adorar) a ouvir suas verdades, sempre tão certas, quando dizem respeito a mim e, em especial, ao meu comportamento amoroso.

Ela despiu-me ali, rápida e direta. Me conhece, e muito bem, da vida inteira, tem total intimidade com o objeto observado (que aqui vos fala) e toda liberdade para se colocar quando e como quiser; parei e ouvi; e fiquei impressionada.

Ao me ver falar sobre os detalhes do ‘meu casamento’, começar a prestar atenção em cenas de casais de novelas (que nunca assisto), escolher sapatos e roupas que retratam a delicadeza (tons rosa antigo e nude, detalhes cheios rendinhas, lacinhos e fitinhas, etc) em detrimento dos geralmente tão impactantes, pintar as unhas de rosa (hã?!) e depois de passarmos dois dias inteeeiros de conversas, risos, compras e bordejos, ela revelou (antes de adormecer o seu sono tranqüilo e de me deixar acordada e doida para escrever este post, rs...) que tem analisado a minha mudança paulatina, e que os sinais que tenho dado, mesmo sem querer e sem perceber, revelam o momento romântico que estou vivendo, ainda que o queira deixar velado...

É, que o corpo fala eu já sabia e que nosso comportamento revela naturalmente muito mais que a nossa fala eu também já sabia, mas que a minha prima Ju sabia fazer a leitura exata do cenário, e de mim, foi uma deliciosa surpresa.

Ela é como uma irmã para mim, amo infinitamente, é minha amiga, 'confessora' e conselheira, sabe de tudo a meu respeito. Ainda assim tem coisas que acabam não sendo ditas _não por uma omissão planejada, mas por pura negligência_, e eis que nada foge ao seu senso atento: ela capta cada detalhe e completa o dossiê.

If I Were A Boy...

"...se eu fosse um garoto..."

…Sairia, pelo menos um dia da minha vida, no Carnaval de Salvador, no cortejo dos “Filhos de Gandhy” integrando e vivendo toda a magia do tapete branco;

... Sairia, pelo menos um dia da minha vida, no Carnaval de Salvador, na folia insana das “Muquiranas” sem outra preocupação que não fosse ser feliz;

....Seria tão exigente, cauteloso, seletivo e respeitoso, todos os dias da minha vida, em meus relacionamentos amorosos quanto eu sou agora na versão feminina. (Rsrsrs.... Veneno básico!)